quarta-feira, 23 de novembro de 2011


 As condições de vida do homem moderno sofreram tão profunda transformação  no campo social e cultural, que é lícito falar de uma nova era da história humana.

Cresce cada vez mais o número dos homens e mulheres, de qualquer grupo de nação, que tem consciência de serem os artífices e autores da cultura da própria comunidade.

Como fomentar o dinamismo e expansão  da nova cultura, sem deixar perder a fidelidade  viva à herança tradicional?
 
Quando o homem, usando as suas mãos ou recorrendo à técnica, trabalha a terra para que ela produza frutos e se torne habitação digna para toda a humanidade  está cumprindo a vontade de Deus que o mandou dominar a criação; cumpre também igualmente o mandamento de Cristo, de se consagrar ao serviço dos irmãos.

O progresso hodierno das ciências e das técnicas  que em virtude do seu próprio método, não penetram até as causas  últimas das coisas, pode sem dúvida dar azo a certo  fenomenismo e agnosticismo, sempre que o método de investigação de que usam estas disciplinas se arvora indevidamente em norma suprema de toda a investigação da verdade

A Igreja não está exclusiva e indissoluvelmente ligada a nenhuma raça ou nação, a nenhum gênero de vida particular  ou a um costume qualquer, antigo ou moderno.

Uma vez que a cultura deriva imediatamente da natureza racional e social do homem, tem uma constante necessidade  de justa liberdade  e de legítima autonomia, de agir segundo dos seus próprios princípios para se desenvolver.

À autoridade pública não pertence, porém, determinar o caráter próprio das formas de cultura, mas favorecer as condições e medidas necessárias para o desenvolvimento cultural de todos, mesmo das minorias  de alguma nação. 

Dado que hoje há a possibilidade de  libertar muitos homens da miséria da ignorância, é dever muito próprio do nosso tempo, principalmente para os cristãos, trabalhar energeticamente para que, tanto no campo econômico como no político, no nacional como no internacional, se estabeleçam os princípios fundamentais segundo os quais se reconheça e se atue em toda a parte efetivamente o direito de todos à cultura correspondente à dignidade humana, sem discriminação de raças, sexo, nação, religião ou situação social.

Será um dever para todos reconhecer e fomentar a necessária e específica participação das mulheres na vida cultural.

Ainda que a Igreja muito tem contribuído para o progresso cultural, mostra, contudo, a experiência que, divido a causas contingentes, a harmonia da cultura com a doutrina cristã nem sempre se realiza sem dificuldades.

Na atividade pastoral, conheçam-se e apliquem-se suficientemente, não apenas os princípios teológicos, mas também os dados das ciências profanas, principalmente da psicologia e sociologia, para que assim os fiéis sejam conduzidos a uma vida de fé mais pura e adulta.

Saibam conciliar os conhecimentos das novas ciências e doutrinas e últimas descobertas com os costumes e doutrina cristã, a fim de que a pratica religiosa e a retidão moral acompanhem nele o conhecimento científico e o progresso técnico e sejam capazes de apreciar e interpretar todas as coisas com autêntico sentido cristão (1Ts 5,21).
 
Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, [o Concílio Vaticano II] ensina que esta Igreja, peregrina na terra, é necessária para a salvação.

Por conseguinte, não poderão salvar-se aqueles que, sabendo que Deus a fundou por Jesus Cristo como necessária à salvação, se recusam a entrar ou perseverar na Igreja Católica
 
A Igreja Católica não rejeita nada que seja verdadeiro e santo nas religiões não-cristãs. Considera com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas, que, embora em muito pontos difiram do que ela mesma crê e propõe, não raro refletem um raio daquela Verdade que ilumina todos os homens.No entanto, ela anuncia, e é obrigada a anunciar a Cristo, que é caminho, verdade e vida (Jo 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou a si todas as coisas. 

Aqueles que ignoram sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, mas buscam a Deus na sinceridade do coração e se esforçam, sob a ação da graça, por cumprir na vida a sua vontade, conhecida através dos ditames da consciência, também esses podem alcançar a salvação eterna.

Sintetisado por Ir. Franklins Marques Torres, NJ a partir da constituição Gaudium et spes.