Ao criar a humanidade sua imagem, Deus inscreveu no homem e na mulher a vocação e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. A sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, em sua unidade de corpo e alma. Diz respeito particularmente à afetividade, à capacidade de amar e de procriar e, de uma maneira mais geral, à aptidão de criar vínculos de comunhão com os outros. Cabe a cada um, homem e mulher, reconhecer e aceitar sua identidade sexual (Catec. 2332-33; Gn 1, 27-28).
O Magistério da Igreja nos ensina que é Deus quem nos mantém vivos e nos santifica com todo o nosso ser, inclusive nosso corpo, e que cria uma alma unicamente para nós no momento de nossa concepção. Corpo e alma formam um todo inseparável e orgânico. Em nosso corpo, vivemos a vontade de Deus expressa em nossa identidade mais profunda. Nosso corpo jamais tem por finalidade ele mesmo, mas sempre Deus e os outros (Rm 12, 1).
O nosso corpo exprime nossa identidade sexual. Exprime nossa masculinidade ou feminilidade através dos gestos, da voz, da expressão corporal, do comportamento, das formas de relacionamento, das reações típicas de cada sexo, dos órgãos reprodutores, dos hormônios.
Para a pessoa humana, ser fecunda, crescer e multiplicar-se é fruto de um ato livre da vontade, de uma amorosa e livre adesão à vontade de Deus a cerca de seu próprio corpo e de sua participação na criação.
Vemos que a confusão de entendimento por vezes existente entre sexualidade (característica da personalidade masculina ou feminina como um todo) e exercício da genitalidade (relacionamento sexual) é profundamente limitante do conceito mais amplo do que seja sexualidade. Esta nos foi dada para a comunhão interpessoal para o “ser para o outro” como as três Pessoas da Santíssima Trindade.
Nossa sexualidade tem um papel fundamental em tudo o que somos, pensamos, fazemos e na maneira como existimos, pensamos, sentimos e agimos (é importante destacar que não tem nada a ver com as teorias de Freud). Em nossa história da salvação pessoal, em nível de autoconhecimento e auto-identificação, é imprescindível que tenhamos uma identidade sexual coerente e bem definida, pois é como homem ou mulher que nos relacionamos com a criação, com os outros, com nós mesmos e com Deus.
Ø AFETIVIDADE
Nascemos para “ser amor”. A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências humanas. Sem afetividade a vida mental torna-se vazia, sem sabor. A afetividade é uma experiência íntima que afeta a totalidade da pessoa e por isso mesmo, recebe o qualitativo de afetiva.
Há cinco tipos básicos de vivências afetivas:
· Humor ou estado de ânimo
É definido como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso no qual se encontra a pessoa em determinado momento.
· Emoções
As emoções podem ser definidas como reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos.
· Sentimentos
Eles são estados e configurações afetivas estáveis. Os sentimentos estão geralmente associados a conteúdos intelectuais, valores, representações e, no mais das vezes, constituem fenômenos muito mais mental do que somático.
Pode-se ainda classificá-los em grupos:
o Sentimentos na esfera da tristeza;
o Sentimentos na esfera da alegria;
o Sentimentos na esfera da agressividade;
o Sentimentos relacionados à atração pelo outro;
o Sentimentos associados ao perigo;
o Sentimentos do tipo narcísico.
· Afetos
Defini-se afeto como a qualidade e o tônus emocional que acompanha uma idéia ou representação mental. Os afetos acoplam-se às idéias, anexando a elas um “colorido” afetivo. Elas seriam, assim, o componente emocional de uma idéia.
· Paixões
A paixão é um estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo, captando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os outros interesses.
É preciso deixar claro que as vivências afetivas são AMORAIS. Isto é, em si mesmas não são nem boas nem más. O que será “bom” ou “mau” é amaneira como lidamos com eles. Algumas vezes confundimos vivência afetiva e pecado. Naturalmente, há emoções e sentimentos carregados de positividade e outros carregados de negatividade. No entanto, não significa que experimentar emoções, sentimentos seja “bom” ou “mau”, “pecado” ou “virtude”. Isso vai ser determinado pelo que fazemos deles, pela forma como os utilizamos ou canalizamos.
(Sintetizado por Ir. Franklins de Jesus Palavra-Hóstia, NJ (noviço) a partir dos livros Tecendo o Fio de Ouro e Jovens em Renovação espiritualidade, afetividade e sexualidade, respectivamente de Maria Emmir Nogueira e Pe. Alírio Pedrini, SCJ).