As condições de vida do homem
moderno sofreram tão profunda transformação no campo social e cultural,
que é lícito falar de uma nova era da história humana.
Cresce cada vez mais o número dos
homens e mulheres, de qualquer grupo de nação, que tem consciência de serem os artífices
e autores da cultura da própria comunidade.
Como fomentar o dinamismo e
expansão da nova cultura, sem deixar perder a fidelidade viva à
herança tradicional?
Quando o homem, usando as suas mãos
ou recorrendo à técnica, trabalha a terra para que ela produza frutos e se
torne habitação digna para toda a humanidade está cumprindo a vontade
de Deus que o mandou dominar a criação; cumpre também igualmente o
mandamento de Cristo, de se consagrar ao serviço dos irmãos.
O progresso hodierno das
ciências e das técnicas que em virtude do seu próprio método, não
penetram até as causas últimas das coisas, pode sem dúvida dar azo a
certo fenomenismo e agnosticismo, sempre que o método de
investigação de que usam estas disciplinas se arvora indevidamente em norma
suprema de toda a investigação da verdade.
A Igreja não está exclusiva e
indissoluvelmente ligada a nenhuma raça ou nação, a nenhum gênero de
vida particular ou a um costume qualquer, antigo ou moderno.
Uma vez que a cultura deriva
imediatamente da natureza racional e social do homem, tem uma constante
necessidade de justa liberdade e de legítima autonomia, de
agir segundo dos seus próprios princípios para se desenvolver.
À autoridade pública não pertence,
porém, determinar o caráter próprio das formas de cultura, mas favorecer as
condições e medidas necessárias para o desenvolvimento cultural de todos,
mesmo das minorias de alguma nação.
Dado que hoje há a possibilidade
de libertar muitos homens da miséria da ignorância, é dever muito próprio
do nosso tempo, principalmente para os cristãos, trabalhar
energeticamente para que, tanto no campo econômico como no político, no
nacional como no internacional, se estabeleçam os princípios fundamentais
segundo os quais se reconheça e se atue em toda a parte efetivamente o direito
de todos à cultura correspondente à dignidade humana, sem discriminação de
raças, sexo, nação, religião ou situação social.
Será um dever para todos reconhecer
e fomentar a necessária e específica participação das mulheres na vida
cultural.
Ainda que a Igreja muito tem
contribuído para o progresso cultural, mostra, contudo, a experiência que,
divido a causas contingentes, a harmonia da cultura com a doutrina cristã nem
sempre se realiza sem dificuldades.
Na atividade pastoral, conheçam-se
e apliquem-se suficientemente, não apenas os princípios teológicos, mas também
os dados das ciências profanas, principalmente da psicologia e sociologia, para
que assim os fiéis sejam conduzidos a uma vida de fé mais pura e adulta.
Saibam conciliar os
conhecimentos das novas ciências e doutrinas e últimas descobertas com os
costumes e doutrina cristã, a fim de que a pratica religiosa e a retidão moral
acompanhem nele o conhecimento científico e o progresso técnico e sejam capazes
de apreciar e interpretar todas as coisas com autêntico sentido cristão (1Ts
5,21).
Apoiado na Sagrada Escritura e na
Tradição, [o Concílio Vaticano II] ensina que esta Igreja, peregrina na terra,
é necessária para a salvação.
Por conseguinte, não poderão
salvar-se aqueles que, sabendo que Deus a fundou por Jesus Cristo como
necessária à salvação, se recusam a entrar ou perseverar na Igreja Católica.
A Igreja Católica não rejeita
nada que seja verdadeiro e santo nas religiões não-cristãs. Considera com sincero
respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas, que,
embora em muito pontos difiram do que ela mesma crê e propõe, não raro refletem
um raio daquela Verdade que ilumina todos os homens.No entanto, ela
anuncia, e é obrigada a anunciar a Cristo, que é caminho, verdade e vida
(Jo 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida
religiosa e no qual Deus reconciliou a si todas as coisas.
Sintetisado por Ir. Franklins Marques Torres, NJ a partir da constituição Gaudium et spes.