VERBUM
DOMINI
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VERBUM DOMINI é uma Exortação Pós-Sinodal.
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SÍNODO: XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo Dos Bispos
que se efetuou de 05 a 26 de Outubro de 2008. A mesma tinha como tema: “A Palavra de Deus
na vida e na missão da Igreja.
DESEJO DO
SANTO PADRE COM ESTE DOCUMENTO:
“Portanto, exorto a todos os fiéis a redescobrirem o
encontro pessoal e comunitário com CRISTO, verbo da vida, que se tornou
visível, a fazerem-se seus anunciadores para que o dom da vida divina, a
comunhão, se dilate cada vez mais pelo mundo inteiro. (p.5)
Não existe prioridade maior que esta: reabrir ao
homem atual o acesso a Deus, Ele que nos fala e nos comunica o seu Amor para
que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10,10)” (p. 5)
- “De fato, a igreja funda-se a Palavra de Deus,
nasce e vive dela.
“... Se deve reconhecer Jesus Cristo como “o
mediador e a plenitude de toda a Revelação” (Dv, 2). (p.7)
A
REFERÊNCIA DA QUAL PARTIRAM AS REFLEXÕES DO SÍNODO:
“Foi o prólogo do Evangelho de João” (Jo 1,1-18).
“Jesus é a sabedoria de Deus encarnado, é a sua
Palavra eterna feito homem mortal”
(p.11)
PARTE I:
VERBUM DEI
Ø
O DEUS QUE FALA
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A novidade da revelação bíblica consiste no feito de
Deus. Se dá a conhecer no diálogo, que deseja ter convosco.
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Na Igreja, veneramos extremamente as Sagradas
escrituras, apesar da fé cristã não ser uma “Religião do Livro”.
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O Cristianismo é a religião da “Palavra de Deus”,
não de “uma palavra escrita e muda, mas do verbo Encarnado e Vivo.
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É necessário que os fiéis sejam bem mais formados, para
identificar os seus diversos significados e compreender o seu sentido unitário.
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Ao Jerônimo está firmemente convencido de que “não
podemos chegar a compreender a Escritura, sem a ajuda do espírito Santo que a
inspirou”.
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Em ultima análise é a Tradição Viva da Igreja que
nos faz compreender adequadamente a Sagrada escritura como palavra de Deus.
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De fato, a Palavra de Deus dá-se a nós na Sagrada
Escritura, enquanto testemunho inspiração da Revelação que, juntamente com a
Tradição Viva da Igreja, constitui a regra suprema da Fé.
Ø
A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS QUE FALA
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·
Por meio do dom do seu amor, Ele (Deus), separando
toda a distância, torna-nos verdadeiramente seus “parceiros”, de modo a
realizar o mistério nupcial do Amor entre Cristo e a Igreja. Nesta perspectiva,
todo o homem aparece como destinatário da Palavra, interpelado e chamado a
entrar, por uma resposta livre, em tal diálogo de amor. Tal resposta é a fé,
que é a adesão livre e consciente e esta revelação.
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Com efeito, a Sagrada Escritura mostra-nos como o Pecado
do homem é essencialmente desobediência e “não escuta”.
Ø
A HERMENÊUTICA DA SAGRADA ESCRITURA NA IGREJA
O que é
Hermenêutica?
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A interpretação da sagrada Escritura exige a
participação dos Exegetas em toda a vida e em toda a Fé da comunidade crente do
seu tempo.
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É preciso que os Exegetas os Teólogos e todo o Povo
de Deus se abrirem a dela por aquilo que realmente é: como palavra de Deus que
se nos comunica através de palavra
humanas.
·
Uma autêntica interpretação da Bíblia deve estar
sempre em harmônica concordância com a Fé da Igreja Católica.
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No seu trabalho de interpretação, os exegetas
católicos, jamais devem esquecer que interpretam a palavra de Deus. A sua tarefa não termina depois, que
distinguiram as fontes, definiram as formas ou explicaram os processos
literários. O objetivo de seu trabalho só está alcançado quando tiverem esclarecido
o significado do texto bíblico como Palavra atual de Deus.
II PARTE: VERBUM IN ECCLESIA
Ø
A PALAVRA DE DEUS E A IGREJA
·
Desde as origens, a Palavra de Deus tem a ver
conosco e a criação foi desejada numa relação de familiaridade com a vida
divina.
·
A Igreja é uma comunidade que escuta e anuncia a
palavra de Deus.
Ø
LITURGIA LUGAR PRIVILEGIADO DA PALAVRA DE DEUS
·
A Liturgia Sagrada constitui, efetivamente, o âmbito
privilegiado onde Deus nos fala no momento presente da nossa vida: fala hoje ao
seu povo, que escuta e responde cada ação litúrgica, está por natureza,
impregnada da Sagrada Família.
·
Exorto aos Pastores da Igreja e os Agentes Pastorais
a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo
da Palavra de Deus que está distribuído ao longo do ano na liturgia.
·
É preciso que os pregadores tenham familiaridade e
contato assíduo com o texto sagrado.
Ø
A PALAVRA DE DEUS NA VIDA ECLESIAL
·
O Sínodo dos Bispos afirmou várias vezes a
importância da pastoral nas comunidades cristãs como âmbito apropriado onde
percorrer um itinerário pessoal e relativo Palavra de Deus, de modo que esteja verdadeiramente
no fundamento da vida espiritual.
III PARTE:
VERBUM MUNDO
Ø
A missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus ao
mundo
- Jesus Cristo é a Palavra
definitiva e eficaz que saiu do Pai e voltou a Ele, realizando
perfeitamente no mundo a sua vontade.
- Na sua essência, a Igreja é
missionária. Por conseguinte, a missão da Igreja não pode ser considerada
como realidade facultativa ou suplementar da vida eclesial.
- A missão de anunciar a
Palavra de Deus é um dever de todos os discípulos de Jesus Cristo, em
conseqüência do seu batismo.
- Antes de mais nada, é
importante que cada modalidade de anúncio tenha presente a relação
intrínseca entre comunicação da Palavra de Deus e testemunho cristão;
disso depende a própria credibilidade do anúncio.
- O fato do anúncio da Palavra
de Deus requerer testemunho da própria vida é um dado bem presente na
consciência cristã desde as suas origens.
Ø
Palavra de Deus e compromisso no mundo
- É a própria Palavra de Deus
que nos recorda a necessidade do nosso compromisso no mundo e a nossa
responsabilidade diante de Cristo, Senhor da História. Quando anunciamos o
Evangelho, exortamo-nos reciprocamente a cumprir o bem e empenhar-nos pela
justiça, pela reconciliação e pela paz.
- A própria Palavra de Deus
denuncia, sem ambigüidade, as injustiças e promove a solidariedade e
igualdade.
- Compete sobretudo aos fiéis
leigos formados na escola do Evangelho intervir na ação social e política.
- Quero uma vez mais reafirmar
que a religião nunca pode justificar a intolerância ou as guerras. Não se
pode usar de violência em nome de Deus! Toda a religião devia impelir para
um uso correto da razão e promover valores éticos que edifiquem a
convivência civil.
- Que todos os fiéis
compreendam a necessidade de traduzir em gestos de amor a palavra escutada,
porque só assim se torna credível o anúncio do Evangelho, apesar das
fragilidades humanas que marcam as pessoas.
- Devemos ajudar os jovens a
ganharem confidência e familiaridade com a Sagrada Escritura, para que
seja uma bússola que indica a estrada a seguir.
- Queridos jovens, não tenhais
medo de Cristo! Ele não tira nada, e dá tudo.
- Os primeiros que têm direito
ao anúncio do Evangelho são precisamente os pobres, necessitados não só de
pão mas também de palavras de vida.
- O compromisso no mundo
requerido pela Palavra divina impele-nos a ver com olhos novos todo o
universo criado por Deus e que traz em si os vestígios do Verbo, por Quem
tudo foi feito (cf. Jo 1,2).
- O homem precisa de ser
novamente educado para se maravilhar, reconhecendo a verdadeira beleza que
se manifesta nas coisas criadas.
Ø
Palavra de Deus e culturas
- Deus não Se revela ao homem
abstratamente, mas assumindo linguagens, imagens e expressões ligadas às
diversas culturas.
- Quero reafirmar a todos os
agentes culturais que nada têm a temer da sua abertura à Palavra de Deus,
que nunca destrói a verdadeira cultura, mas constitui um estímulo
constante para a busca de expressões humanas cada vez mais significativas.
- Um âmbito particular do
encontro entre Palavra de Deus e culturas é o da escola e da universidade.
- A grande tradição do Oriente
e do Ocidente sempre estimou as manifestações artísticas inspiradas na
Sagrada Escritura, como, por exemplo, as artes figurativas e a
arquitetura, a literatura e a música. Penso que também na antiga linguagem
expressa pelos ícones que,
partindo da tradição oriental, aos poucos se foi espalhando por todo o
mundo.
- Ligada à relação entre
Palavra de Deus e culturas está também a importância da utilização
cuidadosa e inteligente dos meios, antigos e novos, de comunicação social.
- Para além da forma escrita,
a Palavra divina deve ressoar também através das outras formas de
comunicação.
- Há que reconhecer hoje um
papel crescente à internet, que
constitui um novo fórum onde ressoar o Evangelho, na certeza, porém, de
que o mundo virtual nunca poderá substituir o mundo real e que a
evangelização só poderá usufruir da virtualidade
oferecida pelos novos meios de comunicação para instaurar relações
significativas, se se chegar ao encontro pessoal que permanece
insubstituível.
- A inculturação não deve ser
confundida com processos de adaptação superficial, nem mesmo com a
amálgama sincretista que dilui a originalidade do Evangelho para o tornar
mais facilmente aceitável. O autêntico paradigma da inculturação é a
própria encarnação do Verbo.
Ø
Palavra de Deus e diálogo inter-religioso
- A
Igreja reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o
diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade,
particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições
religiosas da humanidade, evitando formas de sincretismo e de relativismo.
- Dentre
as diversas religiões, a Igreja olha com estima os muçulmanos.
- Desejo
manifestar o respeito da Igreja pelas antigas religiões e tradições
espirituais de vários continentes; contêm valores que podem favorecer
muito a compreensão entre as pessoas e os povos.
- Recordamos igualmente a
necessidade de que seja efetivamente assegurada a todos os crentes a
liberdade de professar, privada e publicamente, a sua própria religião, e
também a liberdade de consciência. Tal respeito e diálogo favorecem a paz
e a harmonia entre os povos.
Dado em Roma, junto de São Pedro,
no dia 30 de Setembro – memória de São Jerônimo – de 2010, sexto ano de
Pontificado. BENEDICTUS
PP. XVI (Papa Bento XVI).