sábado, 26 de março de 2011

AÇÃO DE SATANÁS NO MUNDO

1. Quem é Satanás?


As Sagradas Escrituras sempre deram testemunho de uma ação contrária à de Deus. Ao longo do tempo e evolução da Escritura e do pensamento do povo de Deus, fica claro que não é apenas uma “força” que atua contra Deus e os seus filhos, mas uma pessoa, que a Bíblia chama Satanás, (A palavra satanás vem da palavra hebraica Satã – significa adversário, rival, opositor; Diabo do grego diabolos – acusador, subversor).

O Catecismo da Igreja Católica afirma a existência desse ser pessoal que é inimigo de Deus e dos homens (Catec. 391 – 395; 2851). Negar a existência do Demônio é ir contra a Doutrina. Desde o início da história humana ele emprega-se em fazer o homem perecer (cf. Gn 3; Jo 8, 44; 1 Jo 3,8).

O Demônio é um ser espiritual de natureza angélica condenado eternamente (Is 14, 9-17; Ap 12, 7-10). Trata-se de uma existência de caráter integralmente espiritual. A palavra hebraica para espírito - ruah, significa fôlego, vento, hálito, donde deriva a palavra spiritus, em latim. Satanás não foi criado mal, no entanto, tornou-se mal por opção livre da sua vontade (Catec. 391).



2. A origem do mal

De onde procede o mal? Se Deus podia impedir o mal, e não o quis, onde está a sua bondade? (cf. Catec. 309–311) Esse foi um dos problemas que mais angustiaram a humanidade em todos os tempos, e que só encontra solução satisfatória no cristianismo. Santo Tomás de Aquino diz: “Nisto consiste a essência do mal: a privação do bem”. Portanto, o mal não é uma coisa, e sim a falta de alguma coisa. Por isso, o mal não existe por si mesmo, mas apenas como deficiência, como privação de algo. Logo, não foi criado por ninguém.

Poderíamos nos perguntar por que Deus permite a tentação (cf. Tg 1, 2-4.12-15; Catec. 412). Deus quis que os homens e os anjos fossem os agentes de sua própria felicidade ou se tornassem responsáveis pela própria desgraça, escolhendo por si mesmos se colaboravam ou não com a graça divina (Catec. 311). Deus não permitiria nenhum mal se dele não fosse capaz de retirar um bem do mesmo (cf. Catec. 312–313; Rm 8, 28).



3. O poder dos demônios

Poder dos demônios sobre a matéria

Já vimos anteriormente que a presença dos anjos em um lugar não se dá fisicamente, pois são seres incorpóreos, e sim por meio de sua atuação (contato operativo): os anjos estão onde atuam.

Poder dos demônios sobre os homens

Em relação ao homem, os demônios só podem operar de modo direto e imediato sobre aquilo quem nele é matéria, ou está em necessária dependência dela. No que se referem às funções intelectivas, os demônios só podem chegar a elas indireta e mediatamente. Em outros termos, os demônios podem agir diretamente sobre a parte corpórea do homem, mas apenas indiretamente sobre sua inteligência e sua vontade. O DEMÔNIO NÃO FORÇA: ELE PROPÕE, SUGERE, PERSUADE, ALICIA (cf. Gn 3, 4s; Mt 4, 1-11; 2Cor 11, 14).

Limites à ação dos demônios

Por mais poderoso que seja, como uma capacidade a qualquer outro ser criado, o demônio, no entanto, não é onipotente. Sendo mera criatura, ele tem suas limitações, decorrentes de três fatores: sua própria natureza, a condição particular de cada demônio e a vontade de permissiva de Deus (cf. Jó 1, 6-12; 2, 1-7; Lc 22, 31s; Catec. 395).



4. Ação ordinária e extraordinária do Demônio

Deus nos criou livres e espera de nós um livre consentimento à fé, sem que nisto sejamos influenciados por uma manifestação habitual do preternatural e do sobrenatural. Entretanto, para provar-nos, para que mereçamos a bem-aventurança eterna, permite Deus que o demônio nos atormente. Essa é a ação ordinária, comum, corrente do demônio, ou seja, a tentação. A extraordinária é o que chamamos infestação e possessão diabólica.

Tentação

Em seu sentido etimológico, tentar alguém significa pô-lo à prova para que se conheçam suas disposições ou qualidades. Podemos dividir em dois tipos de tentação: tentação probatória e tentação enganadora e sedutora. Nós nunca somos tentados além de nossas capacidades (cf. 1Cor 10, 13).

Infestação: local e pessoal

A infestação é uma perturbação exercida pelo demônio sobre algum local ou pessoa. Dependendo do objeto da perturbação podemos defini-las como infestação local ou pessoal. A infestação local consiste na atividade que o demônio exerce diretamente sobre a matéria inanimada, animada inferior, e também sobre lugares, procurando deste modo atingir indiretamente o homem, sempre em um modo maléfico. Já a infestação pessoal é uma perturbação que o demônio exerce sobre uma pessoa, diretamente, sem impedir-lhe o uso da inteligência e da vontade.

Possessão diabólica

A possessão consiste em um domínio que o demônio exerce diretamente sobre o corpo e indiretamente sobre a alma de uma pessoa. Esta se converte em um instrumento cego, dócil, fatalmente obediente ao poder perverso do demônio. A presença operante do demônio no endemoniado não é contínua, mas se manifesta por períodos de crise. Não falta ao demônio poder nem vontade de atormentar ininterruptamente sua vítima, tal o ódio que tem ao homem; Deus é que não o permite, pois a pessoa não resistiria.



5. Ação no mundo

Ninguém duvida que o diabo está engajado numa batalha contra cada pessoa. Mas Satanás olha mais adiante. Ele não está interessado apenas nas pessoas, do ponto de vista individual, mas também nos agrupamentos de pessoas, nos parlamentos, nas culturas, nas nações e na sociedade (cf. 1Cr 21,1; 1Tm 4, 1-4; 1Jo 2, 16; 5, 19; Ap 12, 13-17).

“O Mal não é meramente a ausência de algo, mas é uma força ativa, um ser vivo e espiritual que é pervertido e que perverte aos outros. É uma realidade terrível, misteriosa e amedrontadora” (Papa Paulo VI em discurso no dia 15 de novembro de 1972).



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