domingo, 21 de agosto de 2011
O Sacramento da Eucaristia
Þ Definição
A palavra eucaristia deriva da palavra grega eucharistén – “dar graças”. Portanto, eucaristia significa “ação de graças”. O contexto retoma a beraká judaica.
“O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura.” (Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, N. 47).
O Santíssimo Sacramento eucarístico tem duas dimensões inseparáveis e complementares: é sacrifício e ceia.
Þ Eucaristia Como Ceia
A refeição é de importância capital para o homem bíblico, visto ser um povo de economia basicamente agro-pecuária, que vivia em lugar de condições climáticas duras. Ela possui dois sentidos, sendo o segundo o que mais se destaca:
· Felicidade
Os autores mencionam fartos cardápios com os quais ninguém se privou, um dia, de sonhar. É alegoria da era messiânica um banquete de manjares e vinho novo (Is 25, 6; Jr 31, 12.14).
· Unidade
É à mesa que a célula familiar toma consciência de si mesma. No entanto, a família não é o único grupo que se reúne e se encontra à mesa; outras comunidades humanas fazem a mesma experiência (Sl 128, 3; Jz 1, 7; 1Sm 9, 22-24).
Devemos ir mais longe ainda. Visto que, o ato de comer se acha estreitamente ligado à subsistência do indivíduo e do grupo, este gesto se reveste de um significado que ultrapassa seu alcance biológico e até social. A refeição acaba finalmente por adquirir uma dimensão metafísica e um valor religioso.
O pão é necessário à vida; o homem depende, pois, de seu alimento, mas também daquele que o proporciona. E a relação entre o pão e a palavra é tão estreita no Antigo Testamento porque, obrigado pela natureza a receber o pão que Deus lhe dá, o homem toma consciência de sua dependência e se torna disposto a aceitar Palavra.
Þ Eucaristia Como Sacrifício

Toda a força libertadora, salvífica e espiritual da antiga páscoa judaica passaram à páscoa cristã que na Eucaristia encontra sua plena realização, mas com a novidade fundadora e componente básico, o próprio Cristo, o qual lhe deu um novo significado, assumindo e continuado o anterior. O rito pascal judeu prolongava no tempo a páscoa do Êxodo que era a libertação de Israel e sua eleição como povo santo.
Agora, a Igreja vê no sacrifício pascal de Cristo a plena e total libertação do homem, sua redenção da escravidão, sua elevação à santidade. A Igreja, perpetuando no tempo essa páscoa, antiga e nova, recolheu todo seu potencial libertador, oferecendo-o a todo homem. E como a páscoa judaica consistia em um rito, e a cada ano se faz memorial dela, assim ocorre com a páscoa: morte-ressureição de Cristo, ritualizada sacramentalmente em nossa Eucaristia como sacrifício perpétuo.
Þ O Ágape
O relato mais antigo que possuímos da ceia do Senhor, é a perícope paulina 1Cor 11, 17-34. Um texto bem específico de uma situação particular, mas que nos pode dar uma visão segura de como eram a “fração do pão” na era apostólica. Muitas vezes no Antigo Testamento se denuncia um culto invalidado pela situação de injustiça dos participantes (Is 58 denuncia o jejum; Jr 7 a transformação do Templo em “covil de ladrões”) e de modo semelhante, a falta de caridade invalida a eucaristia cristã. Pode até haver sim, uma reunião comunitária, mas não há “banquete do Senhor”.
A “ceia do Senhor”, celebrada nas casas particulares e apropriadas, costumava ser precedida de uma ceia em comum, à qual os bastados levavam suas provisões. Sem esperar que chegassem os mais necessitados e atrasados, comiam e bebiam, de modo que aos pobres restavam as sobras. Nesse ponto, com uns satisfeitos e até ébrios e outros famintos, procediam-se à celebração eucarística. E esta era ocasião de descriminação entre pobres e abastados, com fome e humilhação dos necessitados. Uma divisão grave, na qual culminavam as facções e processos mencionados anteriormente nesta epístola (1, 10-17; 6, 1-11). Seria melhor cada um comer em sua casa e depois reunir-se para a liturgia (melhor ainda esperar e partilhar).
Þ Conclusão
“Enquanto durar a sua peregrinação aqui na terra, a Igreja é chamada a conservar e promover tanto a comunhão com a Trindade divina como a comunhão entre os fieis. Para isso, possui a Palavra e os sacramentos, sobretudo a Eucaristia; desta “vive e cresce”, e ao mesmo tempo exprime-se nela. Não foi sem razão que o termo comunhão se tornou um dos nomes específicos deste sacramento excelso.” (Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia de João Paulo II, N.34, pág. 47).
Ir Franklins Marques Torres, NJ (noviço)
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