quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


           VERBUM DOMINI

·         VERBUM DOMINI é uma Exortação Pós-Sinodal.

·         SÍNODO: XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo Dos Bispos que se efetuou de 05 a 26 de Outubro de 2008.  A mesma tinha como tema: “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja.

DESEJO DO SANTO PADRE COM ESTE DOCUMENTO:

“Portanto, exorto a todos os fiéis a redescobrirem o encontro pessoal e comunitário com CRISTO, verbo da vida, que se tornou visível, a fazerem-se seus anunciadores para que o dom da vida divina, a comunhão, se dilate cada vez mais pelo mundo inteiro. (p.5)

Não existe prioridade maior que esta: reabrir ao homem atual o acesso a Deus, Ele que nos fala e nos comunica o seu Amor para que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10,10)” (p. 5)

- “De fato, a igreja funda-se a Palavra de Deus, nasce e vive dela.

“... Se deve reconhecer Jesus Cristo como “o mediador e a plenitude de toda a Revelação” (Dv, 2). (p.7)

A REFERÊNCIA DA QUAL PARTIRAM AS REFLEXÕES DO SÍNODO:

“Foi o prólogo do Evangelho de João” (Jo 1,1-18).

“Jesus é a sabedoria de Deus encarnado, é a sua Palavra  eterna feito homem mortal” (p.11)

PARTE I:  VERBUM DEI

Ø  O DEUS QUE FALA

·         A novidade da revelação bíblica consiste no feito de Deus. Se dá a conhecer no diálogo, que deseja ter convosco.

·         Na Igreja, veneramos extremamente as Sagradas escrituras, apesar da fé cristã não ser uma “Religião do Livro”.

·         O Cristianismo é a religião da “Palavra de Deus”, não de “uma palavra escrita e muda, mas do verbo Encarnado e Vivo.

·         É necessário que os fiéis sejam bem mais formados, para identificar os seus diversos significados e compreender o seu sentido unitário.

·         Ao Jerônimo está firmemente convencido de que “não podemos chegar a compreender a Escritura, sem a ajuda do espírito Santo que a inspirou”.

·         Em ultima análise é a Tradição Viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada escritura como palavra de Deus.

·         De fato, a Palavra de Deus dá-se a nós na Sagrada Escritura, enquanto testemunho inspiração da Revelação que, juntamente com a Tradição Viva da Igreja, constitui a regra suprema da Fé.



Ø  A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS QUE FALA

·          

·         Por meio do dom do seu amor, Ele (Deus), separando toda a distância, torna-nos verdadeiramente seus “parceiros”, de modo a realizar o mistério nupcial do Amor entre Cristo e a Igreja. Nesta perspectiva, todo o homem aparece como destinatário da Palavra, interpelado e chamado a entrar, por uma resposta livre, em tal diálogo de amor. Tal resposta é a fé, que é a adesão livre e consciente e esta revelação.

·         Com efeito, a Sagrada Escritura mostra-nos como o Pecado do homem é essencialmente desobediência e “não escuta”.



Ø  A HERMENÊUTICA DA SAGRADA ESCRITURA NA IGREJA



O que é Hermenêutica?

·         A interpretação da sagrada Escritura exige a participação dos Exegetas em toda a vida e em toda a Fé da comunidade crente do seu tempo.

·         É preciso que os Exegetas os Teólogos e todo o Povo de Deus se abrirem a dela por aquilo que realmente é: como palavra de Deus que se  nos comunica através de palavra humanas.

·         Uma autêntica interpretação da Bíblia deve estar sempre em harmônica concordância com a Fé da Igreja Católica.

·         No seu trabalho de interpretação, os exegetas católicos, jamais devem esquecer que interpretam a palavra de Deus.  A sua tarefa não termina depois, que distinguiram as fontes, definiram as formas ou explicaram os processos literários. O objetivo de seu trabalho só está alcançado quando tiverem esclarecido o significado do texto bíblico como Palavra atual de Deus.



II PARTE: VERBUM IN ECCLESIA



Ø  A PALAVRA DE DEUS E A IGREJA

·         Desde as origens, a Palavra de Deus tem a ver conosco e a criação foi desejada numa relação de familiaridade com a vida divina.

·         A Igreja é uma comunidade que escuta e anuncia a palavra de Deus.



Ø  LITURGIA LUGAR PRIVILEGIADO DA PALAVRA DE DEUS



·         A Liturgia Sagrada constitui, efetivamente, o âmbito privilegiado onde Deus nos fala no momento presente da nossa vida: fala hoje ao seu povo, que escuta e responde cada ação litúrgica, está por natureza, impregnada da Sagrada Família.

·         Exorto aos Pastores da Igreja e os Agentes Pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuído ao longo do ano na liturgia.

·         É preciso que os pregadores tenham familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado.





Ø  A PALAVRA DE DEUS NA VIDA ECLESIAL



·         O Sínodo dos Bispos afirmou várias vezes a importância da pastoral nas comunidades cristãs como âmbito apropriado onde percorrer um itinerário pessoal e relativo  Palavra de Deus, de modo que esteja verdadeiramente no fundamento da  vida espiritual.

III PARTE: VERBUM MUNDO



Ø  A missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus ao mundo



  • Jesus Cristo é a Palavra definitiva e eficaz que saiu do Pai e voltou a Ele, realizando perfeitamente no mundo a sua vontade.
  • Na sua essência, a Igreja é missionária. Por conseguinte, a missão da Igreja não pode ser considerada como realidade facultativa ou suplementar da vida eclesial.
  • A missão de anunciar a Palavra de Deus é um dever de todos os discípulos de Jesus Cristo, em conseqüência do seu batismo.
  • Antes de mais nada, é importante que cada modalidade de anúncio tenha presente a relação intrínseca entre comunicação da Palavra de Deus e testemunho cristão; disso depende a própria credibilidade do anúncio.
  • O fato do anúncio da Palavra de Deus requerer testemunho da própria vida é um dado bem presente na consciência cristã desde as suas origens.



Ø  Palavra de Deus e compromisso no mundo



  • É a própria Palavra de Deus que nos recorda a necessidade do nosso compromisso no mundo e a nossa responsabilidade diante de Cristo, Senhor da História. Quando anunciamos o Evangelho, exortamo-nos reciprocamente a cumprir o bem e empenhar-nos pela justiça, pela reconciliação e pela paz.
  • A própria Palavra de Deus denuncia, sem ambigüidade, as injustiças e promove a solidariedade e igualdade.
  • Compete sobretudo aos fiéis leigos formados na escola do Evangelho intervir na ação social e política.
  • Quero uma vez mais reafirmar que a religião nunca pode justificar a intolerância ou as guerras. Não se pode usar de violência em nome de Deus! Toda a religião devia impelir para um uso correto da razão e promover valores éticos que edifiquem a convivência civil.
  • Que todos os fiéis compreendam a necessidade de traduzir em gestos de amor a palavra escutada, porque só assim se torna credível o anúncio do Evangelho, apesar das fragilidades humanas que marcam as pessoas.
  • Devemos ajudar os jovens a ganharem confidência e familiaridade com a Sagrada Escritura, para que seja uma bússola que indica a estrada a seguir.
  • Queridos jovens, não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, e dá tudo.
  • Os primeiros que têm direito ao anúncio do Evangelho são precisamente os pobres, necessitados não só de pão mas também de palavras de vida.
  • O compromisso no mundo requerido pela Palavra divina impele-nos a ver com olhos novos todo o universo criado por Deus e que traz em si os vestígios do Verbo, por Quem tudo foi feito (cf. Jo 1,2).
  • O homem precisa de ser novamente educado para se maravilhar, reconhecendo a verdadeira beleza que se manifesta nas coisas criadas.



Ø  Palavra de Deus e culturas



  • Deus não Se revela ao homem abstratamente, mas assumindo linguagens, imagens e expressões ligadas às diversas culturas.
  • Quero reafirmar a todos os agentes culturais que nada têm a temer da sua abertura à Palavra de Deus, que nunca destrói a verdadeira cultura, mas constitui um estímulo constante para a busca de expressões humanas cada vez mais significativas.
  • Um âmbito particular do encontro entre Palavra de Deus e culturas é o da escola e da universidade.
  • A grande tradição do Oriente e do Ocidente sempre estimou as manifestações artísticas inspiradas na Sagrada Escritura, como, por exemplo, as artes figurativas e a arquitetura, a literatura e a música. Penso que também na antiga linguagem expressa pelos ícones que, partindo da tradição oriental, aos poucos se foi espalhando por todo o mundo.
  • Ligada à relação entre Palavra de Deus e culturas está também a importância da utilização cuidadosa e inteligente dos meios, antigos e novos, de comunicação social.
  • Para além da forma escrita, a Palavra divina deve ressoar também através das outras formas de comunicação.
  • Há que reconhecer hoje um papel crescente à internet, que constitui um novo fórum onde ressoar o Evangelho, na certeza, porém, de que o mundo virtual nunca poderá substituir o mundo real e que a evangelização só poderá usufruir da virtualidade oferecida pelos novos meios de comunicação para instaurar relações significativas, se se chegar ao encontro pessoal que permanece insubstituível.
  • A inculturação não deve ser confundida com processos de adaptação superficial, nem mesmo com a amálgama sincretista que dilui a originalidade do Evangelho para o tornar mais facilmente aceitável. O autêntico paradigma da inculturação é a própria encarnação do Verbo.



Ø  Palavra de Deus e diálogo inter-religioso



  • A Igreja reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade, evitando formas de sincretismo e de relativismo.
  • Dentre as diversas religiões, a Igreja olha com estima os muçulmanos.
  • Desejo manifestar o respeito da Igreja pelas antigas religiões e tradições espirituais de vários continentes; contêm valores que podem favorecer muito a compreensão entre as pessoas e os povos.
  • Recordamos igualmente a necessidade de que seja efetivamente assegurada a todos os crentes a liberdade de professar, privada e publicamente, a sua própria religião, e também a liberdade de consciência. Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os povos.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 30 de Setembro – memória de São Jerônimo – de 2010, sexto ano de Pontificado. BENEDICTUS PP. XVI (Papa Bento XVI).

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